"O protestante francês Jean de Léry contou o diálogo que manteve com um indígena já idoso, no século XVI, na região onde se situa hoje o Rio de Janeiro. "Porque vocês Franceses e Portugueses, vêm de tão longe para buscar madeira para se esquentar? Não tem madeira na sua terra?", ele perguntou intrigado pela atração exercida pelo pau-brasil. O francês respondeu que não daquele tipo, que não era para queimar, mas para extrair tinta valiosa. " E precisam tanto dessa tinta?" Léry explicou que, em sua terra, existiam comerciantes que possuíam "mais pano, facas, tesouras e espelhos que é possível imaginar". E que esses homens muito ricos pagariam pela madeira. "Um comerciante sozinho pode comprar o carregamento de vários Barcos", contou. " Mas esse homem muito rico de que você fala... ele não morre?" - perguntou o velho. "Sim, morre como todos os outros." E o indígena: " W quando ele morre: para quem fica tudo isso?" O francês explicou que para os filhos ou seus parentes. E o velho concluiu: "Vejo agora que vocês franceses são loucos. Cruzam o mar e sofrem tantos desconfortos e trabalham tão duro quando chegam aqui só para acumular riquezas destinadas aos filhos e parentes. A terra que alimentou vocês também não é suficiente para alimentá-los? Também temos pais, mães e filhos de que gostamos, mas temos certeza de que, depois da nossa morte, a terra que nos alimentou também alimentara a eles. E por isso vivemos despreocupadamente."

Nenhum comentário :
Postar um comentário