A felizarda olhou em volta, e como não visse ninguém, imaginou que nada teria a perder, se se adentrasse, o que fez de imediato, ficando deslumbrada ao contemplar jóias de peregrina beleza, gemas preciosas, colares reluzente, vasos de ébano e alabastro, estatuetas de incomparável perfeição cobertas de lápis-lazúli, esmeraldas, diamantes, rubis, pérolas.
Não retornara a realidade, quando ouviu a voz repetir:
- Retira o que quiseres para levar, mas, tem tento, porque após saíres a porta descerá, fechando-se para sempre, e o que ficar atrás, nunca mais será recuperado.
Tomada por imensa ganância, começou a recolher as peças que lhe pareciam mais valiosas, e porque desejasse a maior quantidade, colocou o filhinho que tinha nos braços em lugar confortável no solo, continuando a colocar na barra da saia transformada em depósito, tudo quanto podia carregar.
Quando acreditou estar com um fardo infinitamente valioso saiu apressadamente e viu descer a porta pesada.
Respirou aliviada e sorriu.
Encontrava-se radiante de felicidade, quando, subitamente recordou-se do filhinho que havia deixado na furna.
Assim agimos em nosso dia-a-dia terreno. Possuímos o que há de mais importante para a felicidade, e, no entanto, continuamos na cova das ambições procurando fantasia e brilhos secundários, perdendo o tesouro da paz, no qual caímos no fosso do desespero sem remédio...
Tormentos da obsessão - Divaldo franco - Manoel Philomeno de Miranda
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